Petrobras lucra R$ 31,1 bilhões e decide dobrar remuneração aos acionistas

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Petrobras lucra R$ 31,1 bilhões e decide dobrar remuneração aos acionistas

 


RIO DE JANEIRO, RJ, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com petróleo e combustíveis em alta, a Petrobras registrou lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021 e decidiu dobrar o valor dos dividendos distribuídos aos seus acionistas, que chegarão a R$ 63,4 bilhões no ano.


O anúncio ocorreu pouco depois de novas queixas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à empresa pelos altos lucros em um momento de escalada dos preços dos combustíveis. Para Bolsonaro, a Petrobras deveria ter um viés social e lucrar menos.


Com o resultado do trimestre, o lucro acumulado pela companhia em 2021 já soma R$ 75,1 bilhões. Após anunciar a distribuição de R$ 31,6 bilhões ao fim do primeiro semestre, a direção da empresa propôs nesta quinta-feira (28) pagar mais R$ 31,8 bilhões a seus acionistas.


"A distribuição considera as perspectivas de resultado e geração de caixa da Petrobras para o ano de 2021, sendo compatível com a sustentabilidade financeira da companhia, sem comprometer a trajetória de redução de seu endividamento e sua liquidez", disse a companhia.


Segundo a empresa, o lucro do terceiro trimestre teve forte influência de fatores não recorrentes, como revisões de valores contábeis de ativos pela valorização do petróleo e recuperação de investimentos feitos no campo de Búzios, no pré-sal.


O lucro recorrente, desconsiderando os fatores extraordinários, seria de R$ 17,4 bilhões. No balanço, o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, comemora a queda dívida bruta da companhia, que fechou o trimestre em US$ 59,6 bilhões, já abaixo da meta estipulada para o fim de 2022.


"Atingimos nossa meta de endividamento muito antes do planejado e estamos dividindo parte das riquezas geradas com a sociedade e nossos acionistas através de impostos, dividendos, criação de empregos e investimentos", disse o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna.


Sofrendo impactos do aumento de preços dos combustíveis em sua popularidade, Bolsonaro, porém, criticou os resultados da empresa.


"Repito: ninguém vai quebrar contrato, ninguém vai inventar nada. Mas tem que ser uma empresa que dê um lucro não muito alto como tem dado. Porque além de lucro alto para acionistas, a Petrobras está pagando dívidas bilionárias de assaltos que ocorreram há pouco tempo na empresa", declarou o presidente durante transmissão nas redes sociais.


Ele voltou a declarar que uma possível privatização da estatal entrou no radar do governo e defendeu uma mudança na política de preços da Petrobras, que atrela o valor dos combustíveis ao mercado internacional.


"Porque se é uma empresa que exerce um monopólio, ela tem que ter seu viés social, no bom sentido. Ninguém quer dinheiro da Petrobras para nada; queremos que a Petrobras não seja deficitária obviamente, invista também em gás -com mais atenção em gás- e não apenas em outras áreas. Então a gente quer uma Petrobras voltada para isso, mas carecemos de mudança de legislação que passa pelo Parlamento", disse Bolsonaro.


Ao sugerir mudança na política de preços da Petrobras, Bolsonaro disse que o governo busca uma alteração legislativa para viabilizar a operação. A informação, porém, é falsa.


"A Petrobras é obrigada a aumentar o preço, porque ela tem que seguir a legislação. Nós estamos aqui tentando buscar uma maneira de mudar a lei nesse sentido", disse o presidente.


Não há, porém, uma lei que obrigue a Petrobras a reajustar o combustível. O que existe é a política de preços definida pela própria estatal, que desde 2016 acompanha os valores do petróleo no mercado internacional, em dólar. Como o real tem atravessado forte desvalorização frente à moeda americana, isso contribui para o encarecimento dos combustíveis.


"Não é justo, você vive num país em que se paga tudo em real, um país praticamente autossuficiente em petróleo e tem o preço do seu combustível atrelado ao dólar. Realmente ninguém entende isso, mas é coisa que vem de anos, que você tem que buscar maneiras de mudar", disse Bolsonaro.


Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, disse nesta quinta que irá se reunir com a diretoria da Petrobras para debater a questão dos preços praticados pela estatal. Governadores também devem participar -Bolsonaro tem culpado os estados pela alta dos combustíveis devido ao ICMS.


Com a reabertura gradual da economia, a Petrobras teve no trimestre as melhores vendas de óleo diesel desde 2015, com 867 mil barris por dia. As vendas de gasolina, de 441 mil barris por dia, foram as melhores para um trimestre desde 2017.


O preço médio da cesta de combustíveis da companhia subiu 5,2% em relação ao trimestre anterior, para R$ 421,97 por barril.


No ano, o preço da gasolina nas refinarias já acumula alta de 74%. Já o diesel subiu 65%. A escalada vem ajudando a pressionar a inflação, que atingiu na prévia de outubro o maior patamar desde 1995, com alta de 1,20%.


A insatisfação com o elevado preço do diesel já motivou protestos de transportadoras no Rio de Janeiro e em Minas Gerais e de caminhoneiros no Pará. Entidades ligadas a caminhoneiros autônomos prometem para esta segunda (1º) uma paralisação nacional.


Os melhores preços e melhores vendas levaram a receita da Petrobras para R$ 121,6 bilhões no terceiro trimestre, 72% acima do relatado no mesmo período do ano anterior. O Ebitda, indicador que mede a capacidade de geração de caixa, foi 81,7% maior, chegando a R$ 60,7 bilhões.


A dívida bruta da companhia caiu 6,4% do segundo para o terceiro trimestre, para US$ 59,6 bilhões, já abaixo da meta estipulada pela companhia para o fim de 2022.


Segundo a empresa, o preço médio do petróleo Brent no trimestre foi de US$ 73,47 por barril, alta de 71,5% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 6,7% em relação ao segundo trimestre.


No terceiro trimestre, a Petrobras produziu 2,83 milhões de barris de petróleo e gás, alta de 1,2% em relação ao trimestre anterior.

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