Prefeitura de Camaçari (Foto: Reprodução)
Observe a lista abaixo. Ela mostra, segundo informações da Prefeitura, os nomes de 18 equipamentos públicos de esporte e lazer entregues à população ou em fase final de obras, desde 20 de novembro de 2020. Uma média de quase 5 equipamentos entregues a cada mês. Todos os equipamentos, também de acordo com o poder público municipal, têm o objetivo de oferecer espaços de convivência, lazer e práticas de esporte à população das comunidades beneficiadas.
Praça do Campo, no Burissatuba; Praça do Campo do Jaraguá, na bairro Lama Preta, Praça da Rua Humberto de Campos, no bairro Triângulo; Praça da Matriz de Abrantes; Praça de Eventos e Campo de Futebol Nery Nunes, popularmente conhecido como Tudão, em Vila de Abrantes; Praça do Sol Nascente, no Alto da Cruz; Praça Santa Luzia, na Gleba C; Praça Piatã e Praça Jacobina, no Phoc 2; Praça Cruz das Almas, no Phoc 1; Praça do Alto da Bela Vista, em Vila de Abrantes; Praça da Rua da Gloria, na Gleba C; Praça e Campo do Parque Satélite; campo do Phoc 1; campo de futebol da Praça Doutora Lúcia Eugênia; Praça do Campo de Morrinhos, em Barra do Pojuca; Praça da Rua Bauru, no Novo Horizonte.
Atirando para lados diferentes
O levantamento acima foi feito com base nos releases enviados para a imprensa local pela Prefeitura de Camaçari, a partir de 20 de novembro. O que se percebe, com as informações disponibilizadas espontaneamente pela gestão municipal, é um esforço constante para entrega de equipamentos de uso público comum.
Ainda com base nos releases divulgados, não há informações sobre o investimento na oferta de práticas esportivas seguras, acompanhadas ou monitoradas por profissionais que pudessem garantir um ambiente de respeito aos protocolos e segurança para prevenção e combate à Covid-19.
Em outras palavras: não há, mesmo após um ano de pandemia, um planejamento de ação integrado entre as secretarias, para garantir a oferta de uma suposta qualidade de vida ao cidadãos de forma segura. De um lado a prefeitura entrega praças e campos de futebol em vários locais da cidade, do outro pede que a população permaneça dentro de casa
Sem diálogo interno
O volume de equipamentos de lazer entregues pela Prefeitura até poderiam ser uma ferramenta de combate à pandemia na cidade, se fosse usado com inteligência. Enquanto a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) segue construindo, reformando e entregando praças, as Secretarias de Juventude Esporte e Lazer (Sejuv) e de Cultura (Secult) seguem inertes, olhando a cena como se nada pudessem fazer, e a Secretaria de Saúde se vê cada vez mais estrangulada, combatendo sozinha os índices crescentes da pandemia na cidade.
Haja vista que um dos maiores problemas da pandemia é a educação e a consciência da população sobre a importância vital dos cuidados preventivos e considerando que centenas de funcionários da prefeitura, especialmente da Sejuv e Secult estão afastados de suas funções por conta das medidas preventivas, não seria mais inteligente usar esses espaços para educar a população, ao invés de deixá-los servir como incentivo para que as pessoas deixem de cumprir os protocolos contra a covid?
Sim, porque, parece óbvio que entregar uma praça ou um campo de futebol em um bairro é um convite para que a população saia de casa e faça uso do espaço, correto?
No entanto, numa hipotética ação conjunta, enquanto a Seinfra entrega equipamentos, a Sejuv e a Secult poderiam estar promovendo atividades monitoradas, dirigidas por profissionais, durante as quais não apenas fossem exigidos os cuidados como também a população fosse orientada, educada a manter os hábitos de segurança.
Talvez - só talvez - se a gestão municipal tivesse pensando em uma ideia simples de ser aplicada como essa e estivesse desenvolvendo esforços para educar a população, a cidade não estivesse contabilizando tantas mortes diariamente e há tanto tempo.