Camaçari e seus 262 anos: atualmente, há o que comemorar?

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Camaçari e seus 262 anos: atualmente, há o que comemorar?

 


Cidade do Saber Professor Raimundo Pinheiro, nos tempos áureos - Foto: Divulgação

Neste ano, a querida Camaçari, que já foi Aldeia do Divino Espírito Santo, no período de colonização, completa 262 anos e tem feito jus ao nome instituído após a emancipação política. Camaçari significa “árvore que chora” e esse tem sido o real sentimento da maioria do povo dessa cidade que, nos últimos anos, passa por um processo de notável descaso e negligência por parte dos governantes.

É bem verdade e não se pode esquecer, que Camaçari sempre teve o seu brilho próprio. É uma cidade de vasta pluralidade cultural, a exemplo do Boi Janeiro de Parafuso e da Chegança Feminina. Terra de gente trabalhadora, aguerrida, movida pela vontade e esperança por dias melhores.

A extensa orla, com 42 quilômetros, apresenta paisagens belíssimas com praias famosas e amplamente frequentadas, como Arembepe, Jauá, Guarajuba e Iracimirim.  Na zona rural, famílias inteiras trabalham, com as mãos no chão, para produzir parte dos alimentos que adquirimos nas feiras livres. Além desses, existem, ainda, os pescadores e desenvolvedores de piscicultura, apicultura e meliponicultura.

Ressaltadas algumas das incontáveis potencialidades do município, é inevitável abordar o momento crítico pelo qual a cidade de Camaçari passa. Cidade essa que viveu tempos áureos e de total expansão econômica e comercial, com a implantação do maior complexo petroquímico industrial integrado da América Latina, com a instalação da Ford e chegada da Brigstone e Continental, por exemplo, hoje, sofre a escassez da falta de políticas de atração de novos empreendimentos.

Camaçari que, de acordo com estimativa de população do censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui pouco mais de 304 mil habitantes, mas amarga dados preocupantes e entristecedores no que diz respeito geração de emprego e renda. Informações dão conta de um número de, aproximadamente, 50 mil desempregados na cidade. É fato que o processo pandêmico agravou a situação, porém, a estagnação já era confirmada bem antes disso.

Não celebra e não tem porque bater um a palma sequer, também setores, com saúde, social, educação, esporte e lazer, cultura, desenvolvimento urbano e econômico. O povo vive, no dia a dia, as dificuldades de uma cidade negligenciada e que parece ter parado no tempo. Camaçari reflete o descaso de manobras governamentais desastrosas, que tem como base o governo federal. O Brasil, de uma forma geral, tem penado essas consequências.

Contudo, Camaçari também reflete o clamor e a esperança pela renovação. Em um contexto nacional, existem movimentos empenhados na transformação e, há que acredite, que o “desgoverno” esteja com os dias contados.

No paradoxo entre tanto potencial e falta de um olhar mais humano e dedicado, neste ano as eleições trazem um fator decisivo para a mudança ou permanencia de tudo o que precisa ser movimentado. Está nas mãos do povo o poder de escolha por figuras políticas que queiram, junto com os camaçarienses, avançar de fato, rumo a dias melhores, com equidade para todos, ou nada a mudar, se estiver tudo bem.

Diante deste panorama, fica proposta a reflexão para você, caro (a) leitor (a). É aniversário da cidade sim, mas, afora a data, há mesmo o que celebrar?



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